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O desafio da escrita

11/11/2012

Professores dão dicas para não errar na hora de fazer a prova de redação do vestibular

 
Marilene Raio: professores e alunos precisam estar atualizados em suas leituras
 
A redação em processos seletivos como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e vestibulares em geral provoca muita expectativa nos estudantes. Claro, o peso da nota da redação no resultado contribui bastante para a apreensão dos candidatos. O tema da prova é o que mais gera tensão. Para muitos, a página em branco, com 30 linhas a serem preenchidas com as próprias ideias é um desafio instigante, enquanto para outros o mesmo espaço em branco tem um efeito quase paralisante.
 

O tema do último Enem, por exemplo, intitulado Movimentos Imigratórios para o Brasil no Século 21, surpreendeu alunos e professores. “Esse desafio faz parte da ‘caixinha de surpresas’ que os vestibulares preparam para testar o ensino médio no País”, afirma com naturalidade a professora Marilene Raio, autora do guia Aprendendo a Aprender. “Lamentavelmente, a escola, pública e também particular, não prepara o aluno para o universo temático das redações”, opina ela.


Ela lembra que, com a maratona de vestibulares que começa agora, há vários temas possíveis de serem abordados. “É tradição das boas universidades apresentarem temas que propiciem avaliar o aluno em sua leitura de mundo, conectada à realidade, na qual ele está inserido e deverá intervir como um estudante universitário”, afirma a professora.


Portanto, continua Marilene Raio, pressupõe-se que assuntos relacionados aos mundo em que vivemos, que muitos estudiosos conceituam de “pós-modernidade”, estarão presentes nos temas das redações. Por isso, observa, o professor de ensino médio tem de estar atualizado em suas leituras. “É imprescindível trabalhar, em sala de aula, sobre sustentabilidade, ética, violência urbana, tecnologia, artes, saúde pública, preconceitos, esportes, movimentos criativos na música, no cinema”, observa. Ela lembra que, embora sejam temas previsíveis, “é possível aparecer outras abordagens”.
 

LEITURA É FUNDAMENTAL

Para Alessandra Pereira Andrade, professora de redação, a leitura como parte da vida é um fator primordial para o estudante. “Primeiramente só faz uma boa redação quem fizer boas leituras que estejam ligadas às atualidades do contexto mundial”, observa. O aluno que participa de provas como o Enem ou vestibular – e até mesmo concursos públicos – precisa estar preparado para a diversidade de temas ao escrever um redação, frisa a professora.


O famoso susto na hora da prova, acredita ela, deve-se sobretudo porque o aluno só lê aquilo que é indicado na sala de aula. “Leia todos os temas que são universais: política, economia, sociologia, geo-história, literatura”, indica a professora.


A temida chave de correção utilizada pelos profissionais na hora de corrigir as provas, referente ao conjunto de normas que são imprescindíveis numa redação, comenta Alessandra, é um fator essencial a ser considerado. Ou seja, regras básicas que, ao serem descumpridas, já eliminam o candidato, mesmo que ele tenha ideias interessantes a expor. “Pontuação é a chave-mestra para uma redação coesa e coerente”, destaca. “A dica mais importante depois da leitura é escrever a redação sem fugir do tema proposto. Por fim, não use chavões ou abreviaturas”, reforça.
Dicas
Leitura
¦ O grande diferencial para se sair bem nos temas das redações é ser leitor. Afinal é impossível escrever sobre determinado tema se o desconhecemos. É fundamental adquirir o hábito de ler (livros, jornais, revistas e mesmo notícias na internet). O professor pode até ensinar a técnica de um gênero textual, mas é difícil sair ideias de uma “cabeça vazia”, sem nenhuma percepção crítica.

Coesão
¦ A dica mais importante depois da leitura é escrever a redação sem fugir do tema proposto.

Estilo e gramática
¦ Pontuação é a chave-mestra para uma redação coesa e coerente.
¦ Não use chavões ou abreviaturas.

Também é importante
¦ Se houver as opções dissertação, narração ou descrição, sendo que estas duas últimas são mais raras, opte por aquela em que se saiu melhor durante seu período de estudos.
¦ A leitura é fundamental para qualquer estudante, mas a prática da redação também é absolutamente necessária. Sempre procure escrever sobre os mais variados assuntos nos diversos gêneros textuais – é a melhor forma de se preparar e não perder pontos para o nervosismo eventual na hora da prova.

Fonte: professoras Alessandra Andrade e Marilene Raio
 

Páginas em branco

Estudante do 3 º ano do ensino médio, Júlia Volpato quer cursar ciências sociais e fez a prova do último Enem. “Cheguei lá pensando que o tema fosse ser mais ligado a atualidades, como meio ambiente ou crise econômica. Mas, como muita gente, a questão da imigração era a última coisa que eu pensava que fosse cair”, reconhece a vestibulanda.
 

Para se preparar para a prova de redação, Julia conta que costuma ler jornais com frequência, além de se concentrar bastante nas aulas. “Fico atento nos assuntos de destaque e pelo menos uma vez por semana na minha escola é exigida uma redação, e assim a gente vai praticando”, explica a garota.
Seu método de estudo, revela, consiste, além da leitura e da prática, em reforços na área de gramática, principalmente por causa das mudanças das normas ortográficas. “Quando eu faço uma redação, procuro organizar as ideias com coerência, mostrar argumentos, o que a gente sabe mesmo. Também acho importante abrir o tema em outras questões, desde que elas façam parte do assunto”, conclui.
 

Com 17 anos, a estudante Thaynara Brandão, que também trabalha, sonha em fazer arquitetura. No início do mês, ela participou do concurso do Enem e achou o tema da redação interessante. “Ninguém imaginava aquilo. Foi um baque. Imaginava que a prova fosse sobre a Copa de 2014, por exemplo”, conta a candidata. Ela recorda que, passado o susto, parou um pouco para pensar sobre o tema e leu com atenção o texto de suporte da redação. “Só aí comecei a escrever e acho que me saí bem”, diz, confiante.
Thaynara admite que redação não é sua atividade favorita. “Mesmo assim tento fazer o melhor, porque é muito importante nas provas. Nem sempre é fácil refletir sobre um tema complexo e depois ainda levar isso para o papel com as próprias palavras”, afirma.


Como diz não ter tempo para estudar muito em casa, a estudante aproveita toda oportunidade que tem para ler os noticiários da internet. “No colégio, a gramática e tudo relacionado à língua portuguesa recebem uma atenção especial e eu me concentro muito nas aulas, pois não me sobre tempo para ler livros, além daqueles pedidos pelos concursos ou professores.”

Fonte: O Popular - por Rute Guedes / Zuhair Mohamad

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