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Consumo de café durante a gravidez

A gravidez é um período no qual as mulheres devem prestar muita atenção em relação aos alimentos ingeridos. Existem algumas controvérsias a respeito do consumo de café por gestantes, e visando esclarecer esta dúvida, fizemos uma entrevista sobre o tema com um profissional reconhecido na área de saúde.

Veja a íntegra da entrevista com o Prof. Dr. José Garrofe Dórea, professor do Departamento de Nutrição da Universidade de Brasília - UnB, autor do artigo “Is Coffee a Functional Food?” e pesquisador de renome internacional em bioquímica nutricional e toxicologia.

1) Quais os efeitos positivos a respeito do consumo do café que podem ser destacados?

O café é uma fonte importante de antioxidantes e pode contribuir marcadamente na ingestão de polifenóis e flavonóides. Estas substâncias previnem, por exemplo, contra problemas do coração e circulação, além de amenizar a formação de substâncias cancerígenas. Alguns estudos mostram que as pessoas que consomem café e realizam exercícios possuem efeito lipolítico (queima de gordura) maior que aquelas que apenas realizam o exercício isolado. Além disso, o café tem efeitos sobre o sistema nervoso central. Existem estudos que mostram associação inversa do consumo de café e risco de suicídios. Existe também efeito positivo do consumo de café na velocidade de codificação e processamento mental de novas informações, que favorecem esse tipo de resposta em pessoas idosas. O café está associado com menor incidência da doença de Parkinson e do mal de Alzheimer em vários grupos populacionais, e seu consumo fornece proteção contra o risco de diabetes tipo 2.

2) No início deste ano foi publicado um estudo no qual concluiu-se que o consumo de cafeína durante a gravidez pode aumentar o risco de aborto. Considerando-se a amostra e os resultados, é correto afirmarmos que o café deve ser completamente evitado durante a gravidez?

O artigo não é específico sobre o consumo de CAFÉ e sim de cafeína, a qual está presente em diversas fontes (chocolate, refrigerante, chá, etc.). O autor do estudo categoriza o consumo de cafeína em 'menos de 200mg/dia' porque o risco de aborto entre mulheres que não consumiram nada de cafeína e mulheres que consumiram até 200mg/dia foram praticamente similares. O mesmo estudo considera que 200mg de cafeína correspondem a 300ml de café. Portanto, concluem que o consumo de até 300ml de café por dia (aproximadamente 2 xícaras) não causa mal algum, pelo menos em mulheres que não apresentam problemas de sensibilidade à cafeina.

3) Comparando este estudo a outros que já foram publicados com o mesmo tema, o aumento do risco de aborto é algo expressivo?

Existem diversos estudos na literatura científica que foram feitos diretamente com o CONSUMO DE CAFÉ, diferente do estudo acima citado. Para aconselhamento em saúde pública geralmente escolhemos como importantes diferenças àquelas em que os HR (Hazard Ratio - estimativa de risco relativo) são iguais ou superiores a 3 vezes o risco estudado. No caso em questão o aumento do risco é de 1.42 para 2.23. A importância do estudo é portanto relativa, e em face de outros estudos mais diretos sobre consumo de café.

4) Pode-se dizer, então, que o café pode ser consumido moderadamente durante a gravidez?

Qual a quantidade e em qual período da gestação? Questões médicas, principalmente quando envolvem risco devem ser respondidas pelos respectivos clínicos; porém para o caso de pessoas hígidas (sem problemas) SIM, o consumo de até 2 xícaras de café por dia não aparece na literatura científica como problemático.

5) Existe alguma contra-indicação em relação ao consumo de café durante o período de amamentação?

As opiniões médicas se dividem, principalmente em função da experiência cultural. Os estudos que tratam do tema são muito poucos e inconclusivos. A experiência cultural do Brasil indica a presença do café na lactação e em idades precoces, sem relatos clínicos de contra-indicação.

Fonte: http://www.expressosaude.com.br/    

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