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Drogas: o crack e os novos termos

25/11/2009

*Archimedes Marques
 
 Antes de adentrarmos nos fatos e nas consequências do uso do crack
 peço permissão à lingua portuguesa para usar duas palavras chave do
 tema, que na verdade são inexistentes no nosso dicionário, quais
 sejam: crackudo e vacilão.


 Crackudo é originário do termo crack que é uma droga sintética.
Apalavra foi recentemente criada pelo povo brasileiro para identificar o
 indivíduo que é usuário e viciado dessa droga, ou seja, crackudo nada
 mais é do que o consumidor do crack, aquele cidadão que adquire o
 produto para uso próprio.


 Quanto a vacilão, tal palavra é originada do verbo vacilar que
 significa, dentre outros: não estar firme, cambalear, enfraquecer,
 oscilar, tremer, hesitar, estar irresoluto, incerto... Vacilão na
 linguagem popular nada mais á do que o indivíduo que não mede as
 consequências dos seus atos e tampouco se importa com o que lhe
 aconteça.


 A composição química do crack é simplesmente horripilante e
 estarrecedora. A partir da pasta base das folhas da coca
acrescentam-se outros produtos altamente nocivos a qualquer ser vivo, tais como: ácido sulfórico, querosene, gasolina ou solvente e a cal virgem, que ao serem processados e misturados se transformam numa pasta endurecida homogênea de cor branco caramelizada onde se concentra mais ou menos 50% de cocaína, ou seja, meio a meio cocaína com os outros produtos citados.


 A droga é fumada pura, misturada em cigarro comum ou em cigarro de
 maconha.
 O crack trás a morte em vida do crackudo, arruína a vida dos seus
 familiares, aumenta a criminalidade onde se instala, degrada e mata mais
 do que todas as outras drogas juntas.
Lançando um olhar no passado o crackudo vê o rumo errado que
tomou. Olhando ao futuro somente se lhe afigura a tumba. O seu presente é
 o crack: o crack como o senhor do seu viver, como seu dominador, como
 seu real transformador do bem para o mal, como destruidor da sua
 família, como aniquilador da sua vida, como o seu curto caminho para a
 morte.


 Estamos, sem sombras de dúvidas, em aguda e profunda crise social,
 familiar e criminal relacionada a essa droga avassaladora e mortal.
A população mostra-se atônita, indefesa e impotente com tal
 problemática.


 Até parece que apesar de todas as alertas feitas constantemente na
 mídia, as autoridades constituí­das ainda não atentaram para esse
 gravíssimo problema que gera tantos outros em áreas diversas e que
 transforma tudo em malefícios.


 O homem é o único animal racional existente na face da Terra, mas age,
 sem sombras de dúvidas de maneira irracional e gananciosa quando
 conscientemente fabrica o mal para o seu semelhante. Dentre todos os
 malefícios criados pelo homem para o homem, o crack está entre os
 primeiros colocados.


 Basta o experimento de um único cigarro da pedra do crack para
viciar o vacilão. A fumaça altamente tóxica da droga é rapidamente
absorvida pela mucosa pulmonar excitando o sistema nervoso, causando euforia e
 aumento de energia ao usuário. Com a falta dessa sensação ao passar o
 efeito da droga, logo o vacilão é compelido ao segundo cigarro e
assim por diante até leva-lo a consequências irremediáveis vez que ele é capaz de matar e morrer para sustentar o seu vício.


 Com o passar do tempo o crack causa destruição de neurônios e provoca
 ao crackudo a degeneração dos múculos do seu corpo, fenômeno este
 conhecido na medicina como rabdomiálise, o que dá aquela aparência
 esquelética ao indivíduo, ou seja, ossos da face salientes, pernas e
 braços finos e costelas aparentes

 

 O crackudo pode ter convulsão e como consequência desse fato, pode
 leva-lo a uma parada respiratória, coma ou parada cardíaca. Além
 disso, para o debilitado e esquelético sobrevivente seu declínio
 físico é devastador, como infarto, dano cerebral, doença hepática e
 pulmonar, hipertensão, acidente vascular cerebral (AVC), câncer de
 garganta, além da perda dos seus dentes, pois o ácido sulfôrico que
 faz parte da composição química do crack assim trata de furar,
 corroer e destruir a sua dentição.


 Conclui-se assim que do mal nasceu o crack, que do crack surgiu o
 vacilão, que do vacilão gerou o crackudo, que do crackudo restou a
 morte.


(*Delegado de Policia. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de
 Segurança Publica pela UFS)
 
archimedes-marques@bol.com.br
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