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Nagoya - Tradição e modernidade

Nagoya - Tradição e modernidade

24/09/2012

 

Nagoya, importante centro econômico do Japão, apresenta vida cosmopolita

Nagoya conta com excelente infraestrutura de mobilidade, comércio, restaurantes, hotéis e turismo

 

Exposição competitiva de bonsais floridos, em Nagoya

Já estava andando há alguns minutos, procurando sem encontrar o lugar de onde havia descido do metrô. As ruas não pareciam iguais, longe disto. Mas a sensação de um estrangeiro perdido no Japão começou a bater forte. E aquela floresta de placas com sinais incompreensíveis só ajudava a aumentar a preocupação. Até onde me lembro, foi o mais próximo que estive do analfabetismo completo. Já ia desistir e procurar um táxi quando avistei um policial no meio de uma quadra. Resolvi abordá-lo. No hotel me avisaram sobre a absoluta segurança em andar pela cidade, mas já estava escurecendo e as coisas poderiam ficar mais complicadas para retornar.


O policial, um jovem na casa dos vinte e poucos anos, trajava um uniforme impecável: luvas brancas muito limpas, sem arma de fogo, apenas com um cassetete. Fiz um cumprimento em inglês e disparei uma pergunta sobre o local onde queria ir. Assim que ele começou a falar confirmei o que testemunhara nas poucas lojas que pude ir em meu arriscado passeio: não é suficiente andar pelo Japão contando unicamente com o inglês. Vendedores, transeuntes, taxistas: é raro encontrar alguém com fluência na língua inglesa. Curiosamente, no metrô tinha sido bem fácil. Tudo muito organizado e placas em português. Isso mesmo, há placas em português no metrô de Nagoya. A quantidade de brasileiros por lá é muito grande e para uma parte destes os ideogramas japoneses também são ininteligíveis.


Voltando ao policial, ele foi extremamente cordial. Com uma ou outra palavra de conhecimento comum entre nós, ele acabou por compreender meu problema e com um aceno de mão chamou uma viatura policial que estava próxima. Por segundos pensei que seria levado até uma delegacia e sairia em cadeia nacional na TV japonesa clamando por ajuda. Eles trocaram algumas palavras e o policial da viatura trouxe um livro enorme, estilo lista telefônica. Era um mapa detalhado da cidade, no qual ele indicou em uma página o local onde estávamos: “Here, here”. Depois, apontando com a mão, mostrou para onde deveria ir. Tudo sempre com um sorriso no rosto e frases finalizadas com um indefectível “Hay!” (sim). Agradecido, me despedi dos policiais e segui meu caminho.

EDUCAÇÃO

É notável a educação deles. Na maioria dos lugares o tratamento é bem cortês. Sem afetação, anote-se. A busca da excelência no atendimento, que para nossa cultura beira ao servil. Mas há no ar um respeito à ordem. As ruas são muito limpas, não há lixo pelo chão. O descarte de lixo em local inapropriado é crime. Também não há latas de lixo. É complicado descartar com rapidez um lixo que se tem na mão se você está na rua.
O trânsito é muito movimentado, mas ordeiro. Os pedestres aguardam pacientes o sinal abrir para poderem atravessar a rua, mesmo quando não vem nenhum automóvel. É curioso ver aquele grupo de pessoas, jovens e velhos, esperando o sinal abrir para atravessar em ruas desertas.

SEGURANÇA

E realmente é bem seguro. Praticamente não se tem nenhuma necessidade de precaver-se com sacolas de compras, locais mal iluminados, becos, travessas. Aliás, as travessas estreitas com restaurantes que abrem à noite e penduram lanternas enormes nas portas são impossíveis de passar despercebidos. As bicicletas estão por todo lado. Quando estacionadas, poucas têm alguma providência antirroubo.
Nagoya é um importante centro urbano japonês com mais de dois milhões de habitantes. É a quarta maior cidade do país e a primeira na região de Chubu, que fica no centro da principal ilha do Japão, Honshu. Conta com várias fábricas importantes na sua região, nas áreas tecnológica e automobilística. A fábrica da Toyota fica em uma cidade próxima de mesmo nome. Por tudo isso, Nagoya conta com uma excelente infraestrutura de mobilidade, comércio, restaurantes, hotéis e turismo.

Altos preços


O turismo no Japão é caro. Desde a comida, passando pelas compras mais simples, a maioria dos preços fica acima dos praticados na Europa e nos EUA. Em Nagoya, um lugar onde é possível encontrar preços melhores é o Osu (pronuncia-se osso), um shopping de rua com lojas grandes e minúsculas misturadas que vendem roupas, comidas, brinquedos, bicicletas, antiguidades, todos os tipos de utilidades domésticas e eletrônicos, muitos eletrônicos. Os preços dependem também do valor de conversão do yen e do dólar americano, mas é possível, com paciência, garimpar algumas promoções. A pechincha é igualmente praticada e mesmo em lojas maiores, os vendedores aceitam negociar.
 

Parte considerável das roupas, tênis e acessórios têm ligação direta com a moda ditada no Japão. As lojas de roupas são muito personalizadas. Os brinquedos também carregam este traço e pelo menos metade é povoada de monstros estilo Godzilla, com garras luminosas e cristais radioativos saindo pelas costas. Com sorte, você encontra um simples e simpático Nacional Kid. Incontáveis, os games parecem praga. Poucos deles, com personagens e histórias do mundo anime, possuem um manual bilingue. É o Japão com vida própria, ao mesmo tempo tão distante, diferente e sedutor.

 

Todos os estilos e tribos

Pelas ruas do centro de Nagoya, conhecida como Sakae, o movimento é intenso. Entre prédios e lojas de grife, centros de compras e estações de metrô, uma multidão de pessoas - principalmente jovens - desfilam com roupas extravagantes e multicoloridas em meio a executivos de terno.
Tribos urbanas separadas em estudantes com roupas mínimas, punks chiques, gente com roupas normais, trabalhadores sujos das obras que não param, mulheres com roupas tradicionais japonesas, emos e roqueiros com acessórios e cabelos multicoloridos.
Entretanto, apesar da apresentação cosmopolita, Nagoya não deixa de ter seu lado interiorano e agradável com locais simples e amenos nos incontáveis parques espalhados pela cidade.


Castelo de Nagoya

 
A imponente construção do castelo de Nagoya se destaca na paisagem da cidade

 

Ambiente interno do Castelo de Nagoya

Tokugawa é o nome de um clã poderoso que dominou o Japão de 1603 até 1867. Também conhecido como período Edo, este foi marcado por grande crescimento econômico e estabilidade política, conseguidos com a imposição de uma ditadura militar pelos senhores feudais, o xogunato.
 

O Castelo de Nagoya foi construído por Tokugawa Ieyasu, o primeiro xogum, no início da dominação do clã Tokugawa. A ideia era que a fortaleza prevenisse uma posição estratégica na rota conhecida como Tokaido. A obra foi finalizada em 1612 e serviu de residência para um dos três ramos dos Tokugawa, os Owari.
Em 1945, apenas alguns meses antes do fim da Segunda Guerra Mundial, a maior parte do castelo foi queimada após ataques aéreos. A torre, de sete andares, foi reconstruída somente em 1959.
Com as linhas harmoniosas e delicadas das típicas construções do Japão antigo, o castelo de Nagoya se destaca na vista geral da metrópole, contrastando com os prédios de arquitetura moderna. Um enorme jardim abrange a área externa da fortaleza, recortado por um lago que funcionava como um fosso de segurança.


Hoje, o interior do castelo abriga várias exposições de objetos e documentos da época que não se perderam no incêndio de 1945. Há também várias simulações de ambientes com detalhes do dia a dia dos seus moradores. Desde os porões onde labutavam os trabalhadores em atividades pesadas até os escritórios com mais requinte nos andares superiores.
Uma parte do castelo que foi destruída na guerra permanece ainda em reconstrução e o canteiro de obras também pode ser visitado. Esta restauração está programada para ficar completamente pronta em 2018.

Fonte: O Popular/André Rodrigues - De Nagoya, Japão ( O repórter viajou a convite da Toyota do Brasil)

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