Mundo Mulher

Muito além do "papai e mamãe"

23/07/2011

 
Quando um filho nasce, muitos sentimentos afloram. É tanto amor, tanto carinho, tanto desejo de proteção por aquele novo ser, que muitas vezes o mundo se torna “aquela pessoinha”. E é justamente aí que mora o perigo! Após terem filhos, muitos casais deixam de ser amantes, e tornam-se apenas “papai” e a “mamãe”, mandando a libido para longe, mesmo que sem perceber. Surgem daí traições, separações e sofrimento – que poderiam ter sido evitados com alguns simples cuidados.
 
Segundo a psicóloga e terapeuta de família Lucrecia Nizzo, a tranformação em apenas “pais” é mais comum do que se imagina, até devido ao foco do casal ficar transferido quase que totalmente para o bebê. É normal que por um tempo a vida amorosa e sexual perca o “papel de protagonista”, mas alguns excessos podem desencader graves crises, tornando a relação familiar nada saudável. “Virar papai e mamãe em tempo integral faz com que o casal perca seu espaço chegando ao absurdo de, em alguns casos, um passar a chamar o outro de pai ou mãe.”, afirma a especialista.  
 
- Este é um problema muito grave, pois somos ensinados a não-prática do incesto. Isto está gravado em nossa “genética emocional”. Então, inconscientemente vamos “minando” o tesão que sentíamos por aquela pessoa – explica Lucrecia. “E isso é só o começo. Muitos pais, devido ao instinto protetor, resolvem que o melhor lugar para o filho dormir é na cama do casal. Mais uma vez, um atentado à intimidade e ao relacionamento amoroso: o tesão perde seu lugar de vez, e o filho ganha um espaço que não é dele”, complementa.
 
Mas apesar desta falta de limites trazer  consequências penosas ao casamento e aos filhos, alguns “cortes” não são tarefas fáceis. Dependendo da história emocional de cada um, essa “delimitação de território” pode ser tão dolorosa e complicada, que nem é feita – mesmo depois que os filhos crescem. A verdade é que a vida do casal muda quando se tem filhos, e isso é algo que não pode – nem deve – ser ignorado. Mas é necessário que o “outro” continue sendo aquela pessoa por quem você se apaixonou, e não só o companheiro de educação das crianças. Caso contrário, este casal, antes tão apaixonado, entrará para a assustadora estatística dos divórcios no Brasil, onde a cada cinco casamentos, um termina em separação. E o pior: Sem nem entender onde começaram a se separar.

 
Para que isso não aconteça, a terapeuta Lucrecia dá alguns conselhos. “Assim como os filhos precisam de cuidados para a sobrevivência, a relação amorosa também tem que ser alimentada com carinhos, comemorações de datas importantes , presentes , jantares cheios de sedução, etc”. Além disso, é legal escolher um dia da semana para um encontro romântico sem os filhos, quando será proibido falar deles ou de problemas em casa. Outra ideia é colocar um retrato do tempo de namoro bem grande, onde ele possa ser visto sempre. É ótimo prara os dois lembrarem todos os dias porque estão juntos.“Algumas pessoas acham que já sabem tudo isso e não se preocupam, até começarem as crises no casamento. Ainda bem que em muitos casos conseguimos reverter o quadro de separação e resgatar aquela cumplicidade do casal, que estava apenas adormecida”, afirma a especialista.

Lucrecia Nizzo - psicóloga e terapeuta de família

Érica Drummond
assessoria.guedes@gmail.com

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