Mundo Mulher

Inovações para enxergar melhor chegam ao Brasil

22/12/2012

A expectativa é de que em 2013 a população tenha acesso a cirurgias mais precisas, medicações com menos efeitos colaterais e novas terapias.

 

A maior de todas as deficiências entre brasileiros é a visual. Segundo o último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) atinge 6,5 milhões de pessoas, sendo que 528 mil são clinicamente cegos.

De acordo com Leôncio Queiroz Neto, oftalmologista do Instituto Penido Burnier, primeiro hospital oftalmológico do Hemisfério Sul, a boa notícia é que em 2013 inovações médicas vão permitir ao brasileiro preservar a visão ou enxergar melhor sem correção visual.

Confira as terapias que vão se destacar nos hospitais e clínicas para cuidar melhor de seus olhos.

 

Terapia para degeneração macular

A maior causa de cegueira definitiva no mundo é a degeneração macula relacionada á idade (DMRI). A doença está em crescimento no Brasil, por causa do envelhecimento da população. Para Queiroz Neto o problema é a falta de informação da maioria das pessoas. Por isso, muitos chegam à primeira consulta com perda visual irreparável.   A DMRI provoca a perda da visão central que é formada na retina pela mácula, porção responsável pela visão de detalhes. Segundo o médico, em estágio avançado é caracterizada pelo crescimento de neovasos. Até agora o tratamento inclui aplicações de laser e injeção antiangiogênica no olho mensalmente, visando inibir este crescimento. A nova terapia promete manter a visão com menos efeitos colaterais, porque a aplicação é feita a cada dois meses. Ainda assim o especialista diz que pode induzir à  catarata, aumento da pressão intraocular e descolamento do vítreo.

 

Microlente para correção da presbiopia

Um dos maiores desafios da Oftalmologia é a presbiopia ou vista cansada que surge a partir dos 40 anos, quando o cristalino do olho enrijece e perde a capacidade de focar as imagens próximas.

A mais recente novidade para eliminar os óculos de leitura é o implante de uma microlente no interior da córnea, membrana transparente que fica na frente do olho. Queiroz Neto explica que o procedimento é feito com aplicação de laser femtosecond que abre um bolso na córnea para inserir a microlente. A fixação acontece naturalmente com a cicatrização corneana.

Para passar pelo procedimento o médico diz que os critérios são os mesmo da cirurgia refrativa, ou seja, ausência de doenças na córnea, boa espessura e pressão intraocular normal. O grau máximo de hipermetropia permitido é de 4 graus. O procedimento prevê o implante em apenas um olho “De certa forma tem o mesmo princípio que a monovisão na cirurgia refrativa, ou seja, deixa um olho enxergando bem para longe e o outro com boa visão de perto”, compara. A diferença é que o implante da microlente é reversível.

 

Cirurgia de Catarata a laser

Com o passar dos anos nosso cristalino vai se tornando opaco e atrapalha todo tipo de atividade. É a catarata que responde por 48% dos casos de cegueira no Brasil. Segundo Queiroz Neto, podemos adiar o aparecimento da catarata protegendo os olhos do sol e fazendo uma dieta rica em antioxidantes. Mas, por estar relacionada ao envelhecimento do olho é uma doença inevitável. A boa nova é que em meados de 2013 chega ao Brasil a cirurgia de catarata a laser O especialista afirma que a primeira cirurgia do tipo foi transmitida ao vivo em 2011 durante um congresso da Sociedade Americana de Catarata e Cirurgia Refrativa em San Diego, Estados Unidos. O médico participou do congresso e explica que no procedimento o cristalino opaco é transformado em plasma por um laser femtosecond, sem danificar os tecidos em volta.  As incisões mais precisas diminuem o risco de inflamações e facilitam o implante da lente intraocular.

 

Nova lente intraocular

O especialista diz que em 2013 as lentes intraoculares que substituem o cristalino na cirurgia de catarata também estão ganhando em qualidade para permitir melhor visão em todas as distâncias. Por isso, as novas lentes multifocais têm uma zona óptica central maior. “O resultado é a melhora da dirigibilidade e da visão a meia distância exigida no uso de computadores. O mesmo princípio está sendo aplicado nas lentes multifocais tóricas indicadas para quem tem astigmatismo”, comenta.

 

Implante de corticóide

Estatística da OMS (Organização Mundial da Saúde) mostra que 10% dos casos de cegueira no Brasil são causados por uveite, inflamação da úvea, porção do olho formada pela íris (parte colorida), músculos ciliares e coróide (porção entre a parte branca do olho e a retina). A doença pode ser causada por traumas, bactérias, fungos e vírus ou doenças sistêmicas como as sexualmente transmissíveis, herpes e doenças autoimunes.

Queiroz Neto ressalta que estudos internacionais apontam uma queda de recorrência da uveíte de 51% para 6% em 34 semanas de tratamento com implante de corticóide. Os efeitos colaterais da terapia também são menores. Isso porque a eficácia de 0,59 mg é igual a de 2 mg. Outro benefício do implante é ganho de estabilidade da acuidade visual em 87% dos olhos e a melhora de edema macular em 21% dos tratamentos.  O especialista observa que o risco da medicação induzir à catarata e ao glaucoma podem ser maiores que o induzido por corticóide sistêmico. Por isso, para adotar a terapia o benefício deve superar o risco, como acontece com quem já apresenta alterações na retina ou nervo óptico.

 

Correção de ceratocone por microondas

Cerca de 200 mil brasileiros têm ceratocone. A doença geralmente aparece na adolescência.  Afina a córnea que passa a ter um formato cônico e induz à visão  distorcida tanto de perto como de longe.

Queiroz Neto afirma que uma tecnologia que emite microondas precisas para aquecer e moldar a córnea está sendo apontada como a mais nova terapia para tratar a doença. O especialista explica que o procedimento consiste na aplicação de microondas em um anel para achatar o formato da córnea e reduzir assimetrias. Para estabilizar o ceratocone as áreas da córnea tratadas com microondas estão sendo expostas à aplicação de cross linking, riboflavina (vitamina B2) associada à luz ultravioleta.  Nos ensaios clínicos realizados nos Estados Unidos associando as duas terapias os pesquisadores notaram estabilização do ceratocone além da redução da miopia e astigmatismo decorrentes da doença..

 

Refrativa para córneas mais finas

Quem não foi aprovado para dar adeus aos óculos de grau por causa da espessura da córnea pode ter uma segunda chance em 2013. Isso porque, as clínicas devem receber um novo equipamento de laser femtosecond que é 100 vezes mais rápido, além de fazer cortes mais precisos que permitem realizar o procedimento em córneas ainda mais finas.

 

Cross linking menos invasivo

Depois do sucesso incontestável do cross linking para estacionar a evolução do ceratocone, está sendo desenvolvido um estudo multicêntrico nos Estados Unidos  com a técnica epi-on que tem a proposta de oferecer tratamento menos invasivo ao ceratocone.

Queiroz Neto que vem acompanhando este estudo de perto afirma que a principal diferença entre o cross linking off e o epi-on é a aplicação de riboflavina e ultravioleta na córnea sem a raspagem doa camada externa, o epitélio.

No estudo em andamento as duas técnicas apresentam os mesmos resultados em relação ao estacionamento do ceratocone. A diferença é que no epi-on o procedimento é menos dolorido, a recuperação é mais rápida, o risco de infecção é menor e o retorno ao uso da lente de contato mais rápido.

Para melhorar ainda mais o conforto de quem tem ceratocone as dicas de Queiroz Neto são:

 

·       Usar óculos de leitura com lentes anti-reflexo.

·       No computador os óculos de meia distância cansam menos.

·       Monitor LCD  melhora a visão por eliminar reflexos.

·       Lentes dos óculos fechadas nas laterais evitam o ressecamento dos olhos

·       Óculos escuros com lentes polarizadas reduzem o desconforto no sol.

·       Nas atividades esportivas óculos protetores evitam a perda das lentes.

 Eutrópia Turazzi - eutropia@uol.com.br

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