Mundo Mulher

Produção independente: a escolha de ser mãe sem um pai e assumir estes dois papéis - por Ramy Arany

 

24/10/2012


Muitas mulheres hoje optam pela escolha de serem mães do tipo “produção independente”, assumindo o papel de “mãe” e de “pai” ao mesmo tempo. Isto está sendo possível de ocorrer com certa frequência, em razão do avanço da medicina reprodutiva, que disponibiliza à mulher a condição de tornar-se mãe através do processo da fecundação assistida, que  utiliza de vários métodos e técnicas desenvolvidos pelos cientistas e médicos especializados na área . Desta forma, hoje é possível escolher o espermatozóide e as características genéticas deste espermatozóide e assim saber antecipadamente quais as tendências físicas que o futuro bebê terá.


Há algum tempo atrás, quando não havia esta oportunidade, muitas mulheres que queriam ser mães independentes, acabavam engravidando intencionalmente pelo método natural, ou seja, através da relação sexual com um homem e, após desapareciam da vida dele, gestando e parindo a criança sozinha ocultando a existência dela. Hoje, a mulher já não precisa mais fazer este papel de “uso” do homem para fins de engravidar, pois a fecundação assistida é a opção mais lúcida no sentido de não haver envolvimento de espécie alguma e sigilo absoluto sobre a origem do doador do espermatozóide.


Muitas vezes a mulher escolhe esta opção por não ter encontrado um companheiro que desse certo na relação para ser o pai de seu filho; por já se encontrar na idade limite para engravidar e não ter um companheiro; por ter tido alguma decepção amorosa e não querer mais envolvimento com nenhum outro homem; há mulheres que sustentam a idéia de que gravidez independe de relacionamento sexual com homem; em fim, são muitas as razões íntimas que levam uma mulher a esta escolha.


Uma vez tomada a decisão e movidos todos os recursos, a gravidez ocorre e com ela o parto e toda a continuidade da vida em sua existência natural. O bebê vai crescendo e a mãe cada vez mais vai assumindo todas as responsabilidades e os dois papéis, o de mãe e de pai vão ocorrendo de forma natural.
 

As mulheres que optam pela produção independente geralmente são mulheres muito fortes e decididas, são de fato muito guerreiras, pois assumem para si o que deveria ser assumido a dois. Desta forma penso que estas mulheres necessitam se preparar muito para isto e terem bem claro para si mesmas o que significa ser uma mãe por produção independente, todos os prós e todos os contras. Não é uma situação fácil e requer muita maturidade para exercer sozinha os dois papéis, mesmo que tenham ajuda de parentes, amigos e empregados. Todas as decisões serão sempre da mãe.


Outro ponto muito importante é a questão do que falar à criança sobre a ausência paterna. Hoje as linhas terapêuticas e profissionais da área da família orientam para que se fale a verdade, como nos casos de adoção, por exemplo, para que a criança conviva naturalmente com a informação e assim vá se conscientizando, como aqui no caso, de que ela tem um pai biológico, que ele é desconhecido e, que isto, foi uma escolha da mãe.

Penso que esta questão de falar a verdade para a criança é parte da escolha de ser uma mãe de produção independente, pois a criança perceberá naturalmente que ela é diferente dos amiguinhos, pois eles têm “um pai” e ela não. Cabe a mãe orientar seu filho sobre sua verdadeira origem ensinando-o sobre o caminho da individualidade e, sendo sempre verdadeira com ele, assumindo sua escolha sem cair em auto-culpa cada vez que ele tocar no assunto “pai”. Isto é um ponto “âncora” na relação mãe-filho, pois do contrário ele crescerá e tenderá à cobrança desta situação, culpando a mãe e sua origem pelos seus problemas, inseguranças e auto-rejeição.


As crianças têm a capacidade de nos surpreender positivamente com suas reações; desta forma sendo bem orientada pela mãe e, se necessitar com a ajuda de um suporte terapêutico, com certeza ela crescerá de forma madura e preparada, assumindo sua origem de forma natural numa evolução crescente de acordo com sua idade.  Assim, ela será mais grata pela vida que a mãe pode lhe proporcionar e, certamente, dará muito mais valor aos esforços que ela desempenha na sua dupla jornada de ser mãe e pai ao mesmo tempo.


Ramy Aranyco-fundadora do Instituto KVT e do Instituto KVT Desenvolvimento da Consciência Empresarial é Assistente social, Escritora dos livros Eternamente Ísis – O retorno do feminino ao Sagrado e Visão Gestadora – A visão em teia. Terapeuta comportamental, na linha da consciência. Especialista na Liderança feminina e na consciência feminina, relacionamentos e maternidade. É também palestrante nestas áreas.
Site: www.kvtfeminino.com / E-mail: ramyarany@kvt.org.br

Natália - kvtcomunicacao@kvt.org.br

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