08/06/2009

 A QUESTÃO:

Eu vim de um mau casamento de 20 anos, tentei ficar nele de todas as formas, sempre pensei que ia melhorar, mas não consegui, nele tive 03 filhos, uma menina com 23 anos e uma com 18 e um menino que esta com 20.

Os problemas com meu ex marido foram graves, fui levando o casamento mais sempre brigando porque nunca aceitava nada de errado, meus filhos cresceram vendo isso, eu sempre forte ali e nunca concordando com as coisas dele.

Minha separação foi apos um ocorrido de mais uma das coisas erradas do meu ex, coisas graves. Assim, como nunca aceitava tantas coisas um dia, de tanto eu pedir a Deus que me ajudasse a me livrar dele, num sábado, ele se mudou de casa sem ao menos me falar uma palavra.

 Depois de quatro anos de divorciada conheci  hoje meu atual marido, faz um ano que me casei, uma pessoa que também veio de um divorcio de 8 anos. Ele tem dois filhos que moram com a mãe em outra cidade, um menino de 9 anos e uma de 16.

Minha caçula, a de 18 anos a que sempre ficou junto de mim, veio morar comigo e com meu atual marido. Meu problema é o seguinte: sei que casei com uma pessoa que tem filhos assim como eu e tenho de ser paciente para com eles, com muitas coisas do dia a dia e tenho aprendido muito com isso, mais tem algumas coisas que para mim tem sido difíceis.

Meu marido é honesto e direito, uma ótima pessoa hoje e bom para mim, só que estava tendo problemas por causa da minha filha estar conosco. Ela mesma veio conversar comigo e disse que iria ficar um tempo com minha mãe, porque estava vendo que ela poderia estar atrapalhando nossa relação, mesmo porque a filha dele não estava aqui e ele a toda hora falava isso.

Ela foi de mudança para a casa da minha mãe e eu que nunca tinha me separado da minha companheirinha; ela é adorável, meiga, estudiosa, responsável. Meus filhos nunca brigaram entre eles e nossa relação é ótima.

Agora tenho muitos problemas com a filha do meu marido atual, ela teve quando nasceu um problema nas pernas e não andava, mais hoje ela esta normal. Isso fez com que eles ficassem muito apegados. Estava tranquila até que agora, mas ela começou a brigar lá com a mãe dela na cidade onde moram; a família é um problema só.

Semana passada, a ex do meu marido ligou e disse que não quer ficar mais com a filha, que ela não dá paz, que não pode se relacionar com ninguém, que a menina faz confusão e que vai passar a guarda da menina para ele.

 Eles só se conversam escondidos de mim; pai e filha, tanto por telefone como por msn, eu nunca posso participar das conversas. Eu não gosto disso e já falei para ele que não gosto, nem por isso ele parou, não entra na minha cabeça que vou ter de aguentar e cuidar da menina aqui, morando comigo, sabendo que ele foi a causa da minha filha ir embora. Então, falei para ele que só vou aceitar a filha dele por causa dele, mas que para mim isso vai ser um sacrifício disse também que então vamos ter de mudar da casa para ter um quarto para cada uma das filhas e que, assim como a dele vem a minha também volta.

Só que a minha não se dá com a dele e nem comigo ela aproveita e fica lembrando ele a toda hora dos problemas da perna coisa que já é passado, isso afeta o emocional dele e vejo que ele fica perdido quando lembra disso. 

Eu sei que eu posso mudar o meu sentimento em relação a ela, porque amo o pai dela e até aceitar ela e cuidar dela, mas, por outro lado agora que estou começando a me realizar na minha profissão. Estou com medo, de agora ficar presa com a menina, pois ela é dependente demais, fica em casa como visita, implica comigo e às vezes mente para ele só pra nos ver brigar.

Qual conselho poderia me dar? Pode me ajudar, pois para mim tudo isso é novo; apesar de já ter 42 anos e já ter criado meus filhos, estou me sentindo impotente, perdida e magoada também, por eles esconderem até um simples telefonema. Imagino que, se uma coisa simples eles escondem, como será quando estiver aqui no dia a dia? Que posso fazer?

A REFLEXÃO:

Você mesma sabe que a sua questão é complexa e envolve muita gente, pessoas vindas de diferentes relacionamentos e, portanto, estranhas entre si. Nesses momentos é necessário ter muita sabedoria, tolerância e agir com severidade e com justiça.

Não há formulas prontas, você gosta de seu marido e isso, na atual circunstancia, implica em ser tolerante, afinal, a filha dele, assim como a sua, vai crescer; porem é preciso tocar as vidas de vocês até que chegue esse dia. Por outro lado, você precisa estar a par do que acontece na sua própria casa, senão, perde o controle da situação e não vai conseguir se posicionar.

Penso que nesse caso é fundamental ser franca com ele e com elas, sempre de forma justa, porem cordial. Ser firme, mas solidária. Garanta os direitos que julgar necessários para coordenar a situação. E, para tanto, o importante é não ter medo do que pode acontecer se você agir como acha que é certo.

Pare sempre pra pensar como gostaria que fosse se a situação estivesse invertida, isto é, se fosse você no lugar dele, ou vice versa; então, explique francamente o que pensa e porque e siga em frente, lembrando que qualquer coisa pra valer a pena tem que garantir aos envolvidos um mínimo de felicidade e tranquilidade.

Carmen Bruder é psicanalista. cbruderfonseca@hotmail.com

CURRICULUM VITAE RESUMIDO CARMEN MARIA BRUDER DA FONSECA Psicanalista com formação na Biblioteca Freudiana Brasileira - SP, é médica formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, bacharel em direito pela Universidade Católica de Goiás e advogada pela Ordem dos Advogados do Brasil - seccional Goiás. Especialista em Psicoterapia para Adolescentes e Adultos pelo Núcleo de Estudos em Psicologia e Psiquiatria - SP e em Administração Hospitalar pelo Centro São Camilo de Desenvolvimento em Administração da Saúde - SP. MBA em Administração e Marketing pelo Instituto de Desenvolvimento Humano e Gestão Empresarial do Ministério da Educação - Brasília - DF.