Plástica em idosos - entrevista com Dr. Thomaz Nassif
29/09/2012
Das cerca de 700 mil cirurgias plásticas realizadas no Brasil por ano, atualmente, cerca de 5% (35.000) são de pacientes com mais de 65 anos de idade, que procuram, principalmente, uma aparência correspondente ao seu vigor físico e mental. A informação é do membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Dr. Tomaz Nassif, chefe do Serviço de Microcirurgia Reconstrutiva do hospital federal dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro e professor do curso de pós-graduação em cirurgia plástica da PUC-RJ, além de consultor da Clínica Pitanguy.
Nassif explica quais os cuidados que os idosos precisam ter para se submeterem a cirurgias plásticas e revela que essa faixa de idade tem até uma importante vantagem em relação às mais jovens: as cicatrizes resultantes de procedimentos cirúrgicos são bem menos aparentes.
Qual o perfil dos idosos que se submetem a cirurgia plástica no Brasil atualmente?
Para se ter uma ideia, de um total de cerca de 700.000 cirurgias plásticas realizadas anualmente no Brasil, cerca de 5%, ou seja, 35.000, são em pessoas com mais de 65 anos de idade. São normalmente pessoas que cuidaram da saúde e da estrutura física e que se sentem incomodadas com uma imagem que não combina com seuvigor físico e mental.Existe também uma grande procura por parte daqueles idosos que se sentem incomodados por algum excesso de pele ou flacidez, normais para a idade, mas que comprometem as atividades corriqueiras do dia-dia. Um exemplo clássico são os excessos de pele e de bolsas de gordura nas pálpebras, que chegam até a causar problemas funcionais, como problemas oculares, por exemplo.
Quais os tipos de cirurgias mais comuns nessa idade?
São as cirurgias faciais, por ser a área mais exposta do corpo, o tempo todo. Mas existe procura também pelas cirurgias corporais, como mamas e abdômen, este último também agora muito procurado pelos homens, mais preocupados com a aparência.
Até que idade se pode fazer que tipo de cirurgia plástica?
As cirurgias devem ser sempre indicadas com muito critério, não existindo, entretanto, limitação de idade e de tipo de operação. Se as condições clínicas da pessoa forem compatíveis com a cirurgia proposta, tomando-se os cuidados necessários, pode-se realizá-las sem riscos.
Que precauções devem ser tomadas para esse tipo de paciente?
Sem exceções quanto a idade, uma avaliação clínica e cardiológica criteriosa deve preceder qualquer indicação ou atitude cirúrgica.Na faixa de idade mais alta é muito comum o uso de medicações que alteram a coagulação do sangue. No caso de uma cirurgia, elas devem ser suspensas, geralmente com uma semana de antecedência, sempre sob o controle do clínico ou do cardiologista.
Apesar do crescimento do número de cirurgias plásticas, não se pode reverter excessos da juventude. O melhor remédio é se cuidar desde jovem? Como cuidar-se preventivamente?
Apesar do nosso organismo ter uma capacidade formidável de recuperação, não há dúvida quanto ao fato de que uma vida sedentária e desregrada, na juventude, pode trazer consequências negativas futuras para a saúde, inclusive quanto aos efeitos de uma cirurgia plástica. O consumo de álcool e cigarros, em excesso, também devem ser evitados. E para os idosos, mais que nunca, atividade física, baixo stress e boa alimentação são fundamentais.
A velocidade da recuperação depende da idade? Quanto maior a idade, mais lenta a recuperação?
Com certeza! Por conta disto, cirurgias muito traumáticas, longas ou combinadas, devem ser evitadas. A grande vantagem que o idoso tem é com relação às incisões cirúrgicas, onde as cicatrizes resultantes são quase sempre muito menos aparentes que nos jovens.
Quanto tempo deve ser o espaço entre cirurgias para a total recuperação da saúde de uma pessoa de terceira idade?
Se forem necessárias duas ou mais intervenções, o que não é raro, deve-se observar pelo menos três a quatro meses de intervalo entre elas.
Os preços dos procedimentos tendem a aumentar com o avanço da idade do paciente?
Não existe relação direta entre idade e custos por conta do procedimento cirúrgico em si. Entretanto, pela necessidade presencial de um clínico ou cardiologista durante a cirurgia e no acompanhamento pós-operatório mais intensivo, assim como a de uma unidade de recuperação pós-anestésica ou cardiológica, existirá um adicional de custos hospitalares e de honorários. Tudo isto, é claro, em nome da prudência e da segurança.
Frederico Mattos - fredseculoz@gmail.com
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