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Caichoeiras de Goiás - Águas exuberantes

14/11/2011


Tempos quentes sugerem um roteiro de cachoeiras. Nesse quesito, as belezas naturais de Goiás são convidativas

  
Águas de Pirenópolis: cachoeiras brotam por todos os cantos da cidade
Como fugir do forno que virou o Cerrado nessas últimas semanas? A reposta não poderia ser outra senão: invadir o paraíso de águas doces. Mergulhar no reino de Iara. Apesar da escassez de água no mundo, especialmente nesta época do ano, Goiás ainda é abundante em cachoeiras. No calor, a água daqui é deliciosa. A temperatura do líquido logo se funde com a do corpo. Isso resulta num relaxamento total.

Há ainda as ligações telúricas que emanam da água. Ou aquela história de que um banho de cachoeira leva toda a energia negativa. Uma sessão de descarrego. Apropriando-se de uma lenda goiana, de que todo mês em que a consoante r aparece em cena a água do Cerrado fica ainda mais convidativa, elaboramos um roteiro de algumas cachoeiras de Goiás.

Ao optar pelos jatos de água natural, os apaixonados pelo ecoturismo podem se valer das facilidades da internet e dos centros de apoio ao turista - a maioria das cidades que vendem esses produtos naturais já conta com o serviço. Esse tipo de turismo tem uma vantagem: não é caro - a diária em uma pousada aconchegante custa a partir de R$ 25. Reserve também uma quantia para pagar a entrada nas cachoeiras, que gira em torno de R$ 10 a 30 (esse valor inclui caminhada em uma trilha), e contratar um guia (R$ 50, com direito a equipamento de rappel).

Depois do mergulho, vale a pena se envolver com a vida mansa de algumas cidades. Mesmo que para isso tenha que viajar 334 quilômetros. Tudo bem, logo o calor vai embora, pois aí você estará em Caiapônia, para alguns especialistas no tema "o paraíso das cachoeiras".

Pirenópolis

Distância de Goiânia - 124 km
A cidade abre a lista em razão de sua estrutura. Há mais de três décadas está acostumada a receber. E, também, pela rica história que carrega. Pirenópolis é uma festa. Dá para fazer, perfeitamente, o circuito das cachoeiras durante o dia e, à noite, aproveitar a lua, na Rua do Lazer, ponto de encontro onde se bebe e come bem. Ainda no centro histórico, dê uma passadinha no simpático Lê Bistro, da conceituada chef Márcia Pinchemel - fica ao lado do Cine Pireneus. Lá, saboreie o prato Picadinho de Filé com Farofa de Baru, que conta ainda com banana frita, ovo e arroz. Custa R$ 35. Não se preocupe com as calorias, você vai precisar de muitas no dia seguinte, afinal, onde tem cachoeira tem rochas e grãos de areia, sinônimos de desgaste físico.

Hospedagem e cachoeiras
No quesito hospedagem, a cidade oferece uma gama variada de opções, mas a velha lei da oferta e procura determina o preço em alta temporada. Nesta época, é possível acomodar-se com conforto e tomar um vigoroso café da manhã pagando uma diária de R$ 25. Mesmo porque o luxo não interessa, afinal, quanto tempo você vai ficar trancado no quarto de uma pousada? O mínimo possível, o paraíso está lá fora.

O Centro de Atendimento ao Turista de Pirenópolis (62 331 2633 e www.pirenopolisbrasil.com ) é o braço de apoio na cidade. Além de opções de hospedagem, passa informações das cachoeiras e das agências que podem levar ao mundo das areias e da água em queda. O roteiro é extenso, pois parece que brota cachoeira por todos os cantos da cidade. Explore pelo menos um dos vários caminhos, aquele que o levará à pedreira, à estrada do Parque Pireneus.

A Cachoeira da Usina Velha fica a 3,5 quilômetros do centro histórico. Tem até área destinada ao camping - para armar a barraca, o preço gira em torno de R$ 10 a R$ 20. Se a queda da água não é tão cinematográfica, vale pela convivência com os donos da casa - os pirenopolinos estão sempre lá. Ande mais três quilômetros e encontrará a Meia Lua. A estrutura é melhor, tem lanchonete, banheiros e, num leve esforço, caminhe 200 metros. Encontrará o que procura: a água. Na Reserva Ecológica Vargem Grande estão as cachoeiras Santa Maria e Lázaro. A primeira serviu de cenário para Estrela Guia , a única novela feita por Sandy.

Outro ponto turístico da cidade que ganhou espaço na TV é a Cachoeira do Abade - a 17 quilômetros do Centro. Nela, Cléo Pires viveu seus dias de índia, em Araguaia . Para desfrutar das delícias naturais terá que pagar R$ 15. Se optar por fazer um turismo contemplativo, desembolse mais R$ 15 e ande por uma trilha de quase dois quilômetros observando as particularidades do Cerrado. Uma sugestão: faça a trilha primeiro e depois recupere as energias embaixo ou dentro da água.

Caiapônia

Embora secular, somente a partir da década de 1980, durante o governo de Bertoldo Francisco de Abreu, que as belezas naturais de Caiapônia ganharam mundo - não tome como excesso o mundo. As cachoeiras do município são, de fato, apaixonantes e apreciadas. Claro, carece de projetos para incentivar o ecoturismo na região. Mas, timidamente, a história começa a mudar.

O exemplo dessa nova possibilidade - de os empresários enxergarem as potencialidades turísticas das cachoeiras - se reflete na hospedagem. Essa era a principal reclamação do turista que chegava em Caiapônia. Novas pousadas surgiram e antigos hotéis foram reformados. Entre eles está o tradicional Hotel Araguaia, no coração da cidade, em frente à Praça Fuad Nasser. O prédio foi reformado e as suítes até contam com ar-condiconado. A diária é de R$ 27. A pé, o turista que fica hospedado lá, pode caminhar alguns metros em direção ao Lago dos Buritis, que fica na Nova Caiapônia. A noite é agradável, conta com a gostosa brisa do lago artificial. O local é ponto de encontro dos jovens caiaponienses e também onde o turista pode se alimentar.

Hospedagem e cachoeiras
O Centro de Apoio ao Turista de Caiapônia fica no Lago do Buritis (fone 64-9625-7170). Mas você vai precisar mesmo é do telefone 64-3663-1414, da Associação de Guias da cidade. São eles que te levarão ao reino de água doce. A diária, com transporte, é de R$ 70. Vale uma ressalva: cuide do condicionamento físico, pois a caminhada até as quedas de água com 54 metros de altura pode ser ingrata. Nos momentos desesperadores, lembre-se sempre que todo o esforço será recompensado no final.

A abundância de água em Caiapônia vem das oito nascentes do município - entre elas as do rios Pântano, Verdão, Paraíso e Claro. O volume de água gera as exuberantes quedas de água. A Cachoeira da Abóbora (a 37 quilômetro da cidade) marca o encontro com as belezas naturais da região. Fica no quilômetro 141 da BR-158, em direção a Piranhas. São 52 metros de queda livre. O passeio é mesmo selvagem, pois a cachoeira está dentro de uma mata densa, numa espécie de vale. Aos pés dela, a primeira recompensa, um poço de água transparente. Mergulhe.

Próximo dali, a 300 metros, está a Cachoeira da Samambaia, outra extravagância da natureza. São 54 metros de queda livre retinha, como costuma se gabar o caiaponiense. A prática do rappel no local, sobretudo para os iniciantes, é mais do que recomendada - fica em torno de R$ 50, com equipamento fornecido pelo guia.

O roteiro das belezas naturais de Caiapônia inclui ainda as cachoeiras do Pântano e Jalapa, a 7 e 10 quilômetros, respectivamente. O aceso é menos sofrível. Há ainda a Cachoeira São Domingos, com 82 metros, também uma das mais altas do Sudoeste Goiano. O patrimônio é disputado pelos municípios de Caiapônia e Piranhas - cada um puxa a sardinha para o seu lado. É compreensível. É melhor brigar pela paternidade do que ignorar, desprezar o que a mãe natureza dispensou aos filhos.

Fotos:

- Cachoeira da Abóbora em Caiapônia: encontro das águas da região, onde nascem oito rios, entre eles, Verdão e Paraíso
Nelson Santos
-  Cachoeira da Usina Velha em Pirinópolis

Fonte : O POpular - Sebastião Vilela
Fotos : Weimer Carvalho

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