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Terapia de casal - Dra. Elenice Gomes

08/10/2009 Amor conjugal: como fazer para cultivá-lo?

Vamos definir de antemão como compreendemos aqui o termo casal: é a união de duas pessoas que se amam e/ou que se sentem atraídas sexualmente, independente de gênero, raça, crença, formalização em cartório e até mesmo de co-habitação, que se propõem a um relacionamento duradouro. Na construção desse relacionamento, deve haver mutualidade na escolha dos parceiros, com propósitos comuns.

 

Entendemos um relacionamento de casal, seja ele hetero ou homossexual, como um vínculo constantemente em evolução, onde o diálogo e o afeto são alicerces ou fundamentos básicos.

 

Nessa perspectiva dialógica, a verdade e a lealdade são sustentáculos para a aquisição da confiança e da cumplicidade, ambas necessárias e imprescindíveis. É claro que a comunicação precisa fluir entre duas pessoas que pretendem levar adiante um projeto comum de vida e é aí que muitos casais freqüentemente entram em conflito; isto porque a comunicação humana não se faz só de maneira verbal e consciente. Ela é feita também por gestos, olhares e mesmo por expressões que às vezes surpreendem a nós mesmos, quando as emitimos.

 

No quesito afeto, muitos aspectos coexistem: amor, carinho, atenção, respeito, companheirismo, fidelidade e liberdade. Como a própria etimologia da palavra aponta, tudo aquilo que eu faço e que afeta o outro ou que o outro faz e me afeta, vale a pena conferir. Se eu não emito ao meu parceiro sinais do que gosto ou do que não gosto e como gosto ou deixo de gostar, fica difícil para ele adivinhar o que me agrada ou não. Até porque, o conceito ou definição de uma palavra ou expressão pode não ter o mesmo significado que cada um dos parceiros dá à mesma. O que pode ser um gesto de carinho ou atenção para um, pode ser até incômodo para o outro. Além isso, a vida é dinâmica e as pessoas se reciclam, de tempos em tempos. Os significantes podem ser re-significados também de tempos em tempos. O que eu gostava uns tempos atrás posso não gostar mais agora e o contrário também.

 

Respeito, companheirismo e fidelidade (diferente de lealdade) dependem de acordos que os parceiros estabelecem entre si. Como tratar e ser tratado pelo parceiro, quando é importante tê-lo ao lado de si ou não e ser fiel, depende de quanto um precisa do outro e o deseja por perto e para si. A liberdade de cada um dificilmente será plena, total e absoluta; aqui, o trânsito entre a individualidade e a conjugalidade deverá ser feito de maneira cautelosa...

 

Mas o amor, ah! o AMOR, esse sentimento tão desejado e também tão temido! Desejado porque ele nos confirma positivamente nossa existência. E temido porque nossa condição de pertencimento pode ser confundida com apropriação. Junto com o amor, emerge o “monstro de olhos verdes”, o ciúme. Em pequena dose, é um tempero necessário ao relacionamento, mas em dose exagerada, atinge-se o ponto de desequilíbrio da saúde mental. É uma situação análoga ao medicamento: ser eficaz enquanto remédio ou tornar-se veneno: vai depender da dose.

 

O casal, quando se ama e pretende continuar junto, mas não consegue superar os conflitos existentes, pode recorrer a um instrumento eficaz, que é a Terapia de Casal. É importante que o terapeuta seja um especialista no assunto que, por si só, é por demais delicado e complexo.

 

Esperamos ter lançado as bases para conversas futuras sobre relacionamento conjugal ou de casal.

 

Até a próxima!


Elenice Gomes Terapeuta de casal e família pela UNIFESP. Psicodramatista pela SOPSP. Mestre em psicologia pela USP. Parceria Mundo Mulher/http://www.psicorama.com.br/
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