Mundo Mulher

A Sexualidade em Idosos

 Dr. NORTON SAYEG

A sexualidade em idosos é objeto de muita polêmica. Os estudos demográficos sobre essa questão apresentam resultados que devem ser vistos com reserva uma vez que essa população não costuma se comportar com muita abertura quando questionados sobre suas vidas íntimas. De um modo geral se aceita que à medida que os anos avançam o interesse freqüência e o desempenho dessa atividade diminui em ambos os sexos.

Entre as mulheres o interesse costuma estar mais diminuído que nos homens. Fatores como o estado civil, o estatus social e a presença de doenças afetam essa atividade de maneira determinante e devem ser considerados. Doenças cardíacas, insuficiência coronariana e infartos recentes podem gerar estados de ansiedade e insegurança interferindo nessa esfera. Acredita-se que pessoas idosas que são aptas para subir um lance de escadas sem desconforto, têm condições físicas para manter uma vida sexual satisfatória sem grandes problemas.

Algumas doenças realmente acabam por interferir seriamente e entre elas se destacam:

Artrites: Cerca de 50% das pessoas com problemas articulares com dores e limitações funcionais costumam ter sua atividade sexual reduzida. O tratamento das dores,medidas de reabilitação física e o aconselhamento sobre as posições mais confortáveis no intercurso sexual minoram essa condição.

Próstata: Homens submetidos à ressecção transuretral parcial ou total da próstata são vítimas freqüentes de impotência. Em 90% das cirurgias desse tipo ,uma complicação ,que deve ser discutida com o médico antes do procedimento, é a ejaculação retrógrada quando o líquido seminal , ao invés de ser expelido no orgasmo, flui para o interior da bexiga urinária. A capacidade de conseguir uma ereção não costuma estar comprometida.

Câncer de Mama: Mulheres que são submetidas a cirurgias mutilantes como a mastectomia costumam ter sua sexualidade comprometida por ansiedade e medo da reação e/ou rejeição do parceiro. O aconselhamento profissional psicológico e a passagem do tempo aliviam esse tipo de manifestação.

SEXUALIDADE FEMININA

A sexualidades das senhoras é afetada basicamente por três aspectos:

Motivação e desejo · Problemas com o parceiro (afeto, diálogo, informação) · Doenças físicas limitantes (osteoartropatias, doenças cardíacas) · Doenças emocionais (depressão, ansiedade) · Diminuição da libido (hormonais) Alterações genitais · Atrofia vaginal (secura, estreitamento, dor). Fatores sócio-culturais · Vergonha, receio do ridículo · Educação rígida, valores morais e religiosos · Dificuldade em propor ou insinuar o início da relação

O desejo parece estar comprometido pela alteração dos níveis de estrógeno. A falta de lubrificação vaginal pode causar dor e desconforto. A resolução desse problema, orientada pelo ginecologista, costuma ser simples e geralmente feita com lubrificação externa e/ou com o uso de cremes a base de hormônios. Um dos grandes problemas, entretanto, é que muitas senhoras não se queixam e deixam as coisas permanecerem como estão. A vergonha, o medo do ridículo e outros receios de ordem cultural fazem com continuem mantendo relações dolorosas ou que deixem de realizá-las por razões óbvias.

O comportamento do parceiro é decisivo. O afeto,o carinho, a informação, a paciência e o respeito às limitações físicas e/ou emocionais de ambos é fator determinante no relacionamento. Em geriatria nunca se deve falar em sexualidade sem afetividade. Sexo por si só, sem afeto, não costuma ser praticado ou ser gratificante para casais idosos. Apenas 3% das mulheres vão ao ginecologista para resolver questões de ordem sexual, mas se estimuladas a falar sobre o assunto, 15% apresentam queixas nessa área demonstrando claramente a pouca disposição que as senhoras têm em expor seus problemas íntimos voluntariamente. Muitas senhoras, só após anos de relacionamento com seu médico tomam coragem para abordar o assunto. Por outro lado, poucos médicos costumam tocar nesse assunto fazendo com que esse tabu siga persistindo.

Raramente os médicos estão preparados para aconselhar seus pacientes idosos nessa sensível área. Infelizmente esse fato prejudica a saúde de um modo geral uma vez que a grande maioria dos problemas que comprometem essa esfera é resolvida com informações corretas, educação específica sobre aspectos biológicos e com um aconselhamento profissional dirigido e personalizado. Um estudo realizado com senhoras acometidas de artrite demonstrou que 40% delas gostariam muito que seus médicos abordassem o assunto.

SEXUALIDADE MASCULINA

Nos homens idosos, o padrão de sexualidade é um dos componentes essenciais para a qualidade de vida. Assim como nas senhoras, é esperada uma diminuição na motivação, freqüência e desempenho. O sexo em si perde suas cores. A questão emocional sempre acompanha os contatos mais íntimos onde o afeto torna-se cada vez mais presente e necessário. Na ausência de doenças a rigidez do pênis costuma ser adequada para o intercurso até idades bastante avançadas.

A ereção é mais demorada e normalmente conseguida com estimulação direta mais prolongada. A impotência ou disfunção erétil é de longe a questão sexual que mais aflige a população masculina. O hormônio masculino, testosterona, é responsável pela libido (desejo) e também na manutenção da integridade dos tecidos e dos órgãos envolvidos no processo. Com o passar dos anos há um declínio natural das taxas desse hormônio que acabam por determinar essas alterações.

Taxas muito baixas são corrigidas com suplementação. A ereção é um ato complexo relacionado com fantasias e/ou estimulação local direta. Essa reação é regulada basicamente pelo cérebro e medula nervosa. São liberadas substâncias que causam a dilatação dos vasos sanguíneos e o preenchimento dos corpos cavernosos do pênis (pequenas bolsas laterais) resultando na rigidez do órgão. As veias se fecham e aprisionam o sangue nessa região conferindo a manutenção da ereção. Após o orgasmo, as veias deixam o sangue escoar, as artérias voltam ao seu calibre normal e a ereção termina.

Na investigação da impotência, a ultrassonografia fornece importantes informações com respeito à integridade dos vasos sanguíneos. Os exames laboratoriais mais comuns incluem a dosagem de testosterona total e livre,a glicemia e eventualmente a dosagem de prolactina. A verificação das taxas de glicemia é fundamental uma vez que o diabetes mellitus é uma causa freqüente de impotência sexual. A verificação da pressão arterial é obrigatória no exame físico. Grande parte dos portadores de hipertensão arterial apresentam disfunção erétil como complicação.

AVALIAÇÃO CLÍNICA DA DISFUNÇÃO ERÉTIL Um dado de importância quando se avalia uma queixa de disfunção é se há ereção noturna “involuntária”. A presença desse tipo de ereção demonstra não haver problemas relevantes de ordem física recaindo as possibilidades em causas emocionais. A ausência conduz à possibilidade de doenças associadas ao processo. A impotência sexual de aparecimento súbito normalmente está relacionada ao uso de alguns medicamentos ou devida a traumas emocionais. A alternância entre boas e más ereções faz pensar primeiro em problemas psicológicos. A piora progressiva sugere a coexistência de doenças. Alguns hábitos relacionados ao estilo de vida como o tabagismo, o consumo excessivo de álcool e o uso de drogas podem estar intimamente relacionados com o quadro. Algumas condições e doenças devem ser especialmente investigadas: · Diabetes mellitus · Hipertensão arterial · Doenças vasculares · Cirurgias (próstata, aneurisma de aorta) · Ginecomastia (aumento das mamas por doença endócrina) · Abdome volumoso e pênis de pequenas dimensões · Doenças neurológicas periféricas · Atrofia dos testículos


Currículo Resumido Dr. NORTON SAYEG - Médico Especialista em Geriatria e Gerontologia desde 1984, aprovado em Primeiro Lugar em Concurso da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia da Associação Médica Brasileira. - Médico Especialista em Clínica Médica pela Associação Médica Brasileira. 1996. - Médico Especialista em Sistemas Integrados de Saúde e Administração Hospitalar pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).1984. - Presidente Fundador da Associação Brasileira de Alzheimer e Idosos de Alta Dependência (ABRAz)1989. - Tesoureiro Adjunto e Tesoureiro Geral da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia SP. - Presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia Seção SP. - Secretário Geral da Sociedade Nacional da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. - Presidente Nacional da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. - Presidente Mundial Eleito (2001) da International Association of Gerontology - Diretor do Comitê Latino Americano da International Association of Gerontology. - Presidente do I Congresso Pan Americano de Geriatria e Gerontologia. - Presidente do I Congresso Brasileiro de Doença de Alzheimer - Presidente do II Congresso Brasileiro de Doença de Alzheimer - Professor e Diretor do Curso de Pós Graduação (sensu lato) do Centro Universitário São Camilo. - Pós-Graduação em Londres –Inglaterra (Saint Marks Hospital). - Diretor Fundador e Editor Chefe da revista científica “Gerontologia”. - Conferencista Internacional Tendo Proferido Mais de 400 Conferências no Brasil e no Exterior. - Autor de vários trabalhos publicados no Brasil e no Exterior em Revistas Científicas e em Congressos Nacionais e Internacionais. - Autor do Livro : Doença de Alzheimer - Guia do Cuidador. - Autor do Livro : Enfermedad de Alzheimer em Espanhol. - Autor do Livro: Vamos Envelhecer Bem. - Autor do Livro: Enfermedad de Alzheimer Publicado no Chile pela Universidade Católica de Santiago. - Editor Médico do Portal de Conteúdo www.alzheimermed.com.br - Autor do livro: DOENÇA DE ALZHEIMER - Um Tratado - No prelo - Autor do livro: ENVELHECER COM SAÚDE - No prelo - Tutor do Curso Virtual - Doença de Alzheimer - Editora Vivali - 2007 - Em parceria com a ANAMACO-Associação Nacional de Material de Construção- é o consultor científico de um projeto físico de construção de ambientes especiais na prevenção de acidentes domésticos em idosos.

 

 
 

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